"Viaje além de sua imaginação"

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Árvore (Parte 3)

Jonh saiu correndo apavorado, aquilo já tinha ido longe demais, embora ele nem soubesse o que estava acontecendo, começou a achar que estava ficando louco. Ao chegar na sala de estar, correu em direção ao espelho e se jogou nele, como suspeitava, ele não quebrou, Jonh atravessou o espelho e mais uma vez foi coberto por um flash branco muito forte e depois tudo ficou escuro.

Ao despertar, Jonh estava no meio das folhas secas, em frente à imensa árvore avermelhada. Estava confuso, não fazia a menor idéia do que tinha acontecido, podia muito bem ter desmaiado com alguma substância alucinógena presente no nó da árvore ou algo do tipo. Ele levantou e viu um frisbee verde no chão, já tinha esquecido completamente o porquê de estar ali; pegou o objeto e mirou-o por uns segundos, depois voltou ao parque, coçando a cabeça e verificando se não tinha nenhum sinal de uma ferida ou hematoma, como ele suspeitava, não havia nenhum dos dois.

- Tome garoto, aqui está o seu frisbee - disse, dando o objeto ao menino que estava do lado dos pais - Foi trabalhoso de pegá-lo viu - sorriu.
- Vamos Tommy, agradeça o rapaz.
- Obrigado moço - agradeceu o menino.

Outra coisa estranha nisso tudo, foi que o tempo não passou, enquanto ele esteve desacordado, o sol da tarde ainda estava intenso e o parque ainda estava animado. Aos poucos Jonh foi voltando à realidade, a cruel realidade; "Pior do que aquele pesadelo" pensou. Teria que aturar provavelmente outra briga com a esposa, era melhor que ele nem tocasse no assunto da briga com o chefe. Finalmente havia chegado em casa, parecia que tinha passado a eternidade fora; abriu a porta devagar e entrou.

Susan estava na cozinha preparando o jantar e Jonh sentia a necessidade de ao menos vê-la, o amor dele por ela o deixava doido, mesmo depois de vários anos casados, a paixão e o amor de Jonh continuavam o mesmo desde o começo, mas Susan já não sentia o mesmo, ela pisava nos sentimentos dele.

- Olá querida - disse Jonh.
- Você demorou bastante, onde esteve?
- Ah, estava no parque, pegando um ar, hoje não foi um dia muito bom.
- Por que? O que houve?
- Nada demais, apenas um dia pesado.

Houve um breve silêncio em que Jonh admirava a bela silhueta de Susan cortando as verduras, ela nem tinha se virado para falar com ele.

- Sabe Jonh, eu senti algo esquisito pouco antes de você chegar - disse ela de repente.
- O que querida?
- Não sei, um vazio, como se tivesse perdido algo, algo dentro de mim.
- Hmm, deve ter sido só um mal estar temporário, não se preocupe.
- Tudo bem, eu apenas estava comentando.

Distraída com a conversa, Susan acabou arrancando um pedaço do dedo no lugar de um pedaço da cenoura, ela gritou alto.

- Ah meu deus! Susan o que houve!? - gritou Jonh.
- Culpa sua, seu imprestável! Me distraiu, olha o que me fez fazer!
- Susan, você por acaso esqueceu do seu dedo!? Vou pegar algo pra estancar o sangue!
- Jonh, espere!
- O que foi!?
- Eu... Eu não estou sentindo dor! Nem um pingo de dor!
- O que está dizendo!? Ficou maluca? Você praticamente arrancou o dedo!
- Eu estou falando sério droga!
- Meu deus, vou levar você ao médico! Vou pegar uma bandagem e depois vamos para o hospital.

Os médicos haviam dito que não tinha nada de errado com Susan, fora os danos do dedo. Jonh estava achando tudo aquilo muito esquisito, como todo o resto do dia, será que ele tinha realmente voltado para a realidade?

Retornando para casa, Jonh e Susan conversaram um pouco no carro.

- Querida, já está se sentindo melhor?
- Sim, mesmo não estando sentindo nada.
- Isso é bom não?
- Hoje quando eu estava andando pela casa, bati o joelho no canto da mesa, e também não senti nada, mesmo vendo o hematoma.
- Acho que preciso te levar pro Neurologista.

Ao chegar em casa, Jonh tomou um longo banho, o que o fez sentir bem melhor. Após o banho deitou na cama, ao lado de Susan e fechou os olhos; ficou pensando sobre aquele dia fora do normal e que com certeza não queria que aquilo acontecesse novamente.

No dia seguinte, Jonh foi ao trabalho, muito cedo como sempre, "trabalho de merda" disse ao acordar. Fora mais um dia agonizante, o tempo passava lentamente, como se fosse de propósito e o trabalho não dava folga, com o patrão sempre botando pressão, de marcação com Jonh; qualquer deslize e ele seria despedido dessa vez.

Saindo do escritório, Jonh foi novamente ao parque, para ele era um ótimo lugar para relaxar, após trabalhar tanto. Sentado em um banco de madeira, ele olhou para a floresta, já não a via com os mesmos olhos. No entanto, parecia que ela estava chamando ele, ou ao menos a árvore anciã; Jonh não sabia se era por curiosidade, mas queria voltar a ver a estranha árvore. Levantou-se e rumou em direção à floresta até onde estava a árvore vermelha.

Estava novamente sendo chamado por ela, sendo chamado pelo nó da árvore.

(continua...)


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