"Viaje além de sua imaginação"

quarta-feira, 10 de março de 2010

Que Deus lhe Pague

Um fim. Enfim, a última palavra que eu pude ouvir fora:não; uma negação. Fui daquela para melhor com um sentimento de frustação, morto pela vítima, destinado ao inferno do cão. Abri os olhos da alma, observando com calma toda aquela serenidade atípica, a alva cor que se espalhava por todo o cenário. Eram nuvens? Era um sonho? Um homem velho e barbudo me chamava. "Meu caro, o que tu fazes aqui?", velho idiota, se ele não sabia, como eu saberia? Me mandou entrar pelo portão dourado entre a parede branca. Andando pelo vazio sereno eis que escuto uma voz, vinha de todos os cantos, "Péricles, não foi um bom filho, não posso deixá-lo ficar". Todo o branco avermelhou-se, estava quente como o inferno, "ah não, era realmente a casa do cão", os diabinhos vinham até mim sorrindo e lambendo os beiços. Cada um agarrava uma parte de meu corpo e com uma facilidade tremenda as mutilava; braços, pernas, tronco e cabeça, os monstrinhos se divertiam a beça...

Acordei daquele pesadelo horrível, fiquei sentado na cama, enxugando o suor em minha testa. Não estava me fazendo bem matar jovens toda semana, já não bastava a polícia sempre me torrando o saco, como eu iria realizar os desejos de mamãe assim?

Me levantei e fui lavar o rosto, acabei vomitando na pia, não estava nada bem de saúde. Vesti meu casaco, pus o facão no bolso interno e saí para a rua fria. Perto da avenida, uma velha tentava atravessar a pista, de repente desequilibrou-se e eu fui movido por algo que não pude explicar, sem pensar duas vezes, fui ajudá-la. Ao me aproximar, a levantei e a coloquei na calçada, ela me agradeceu sorrindo. Foi uma sensação boa para mim, lembrava o sorriso de minha mãe.

- Não! - exclamou a velha com os olhos arregalados.

A velhinha tomou um banho de sangue quando fui levado pelo caminhão em alta velocidade, aquela expressão horrorizada na face dela foi a última coisa que vi em vida.

"Está quente aqui", eis o preço que pago por uma boa ação.

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