"Viaje além de sua imaginação"

terça-feira, 16 de março de 2010

Tique Taque

A jovem moça dormia agoniada com o chato ruído do relógio da cozinha, o tique taque de todo santo dia. Rolava para a direita, em seguida para a esquerda, à procura de uma boa posição, mas nenhuma parecia boa o bastante. Suava, o ventilador não estava ventilando o suficiente para livrá-la do calor infernal de seu quarto. Ela cravava as unhas com força no colchão na esperança de que aquilo a livrasse daquele turbilhão de sensações ruins. O relógio de parede sempre no seu tique taque rítmico. A moça queria ir até lá e quebrar o objeto, mas ela sabia que aquilo apenas iria prejudicá-la.

Já estava exausta, a moça teve seu momento de paz, seus pensamentos se esvaíam aos poucos, o tique taque do relógio agora ficava cada vez mais distante. A jovem adormeceu.

Na manhã do dia seguinte, ao acordar, a mulher foi até a cozinha ter sua vingança, iria quebrar aquele troço, fazê-lo em pedaços, mas ao encarar seu inimigo ela percebeu que havia algo de errado, ele estava parado, na hora doze. Notou que estava se sentindo um pouco estranha, parecia mais leve do que já era. Virou-se para trás e viu algo que a deixou preocupada, seu remédio para o coração estava ali em cima do balcão, ela tinha esquecido de tomar no dia anterior.

Recordou que tinha chegado em casa cansada e se jogado na cama de seu quarto, havia cochilado e acordado no meio da noite, agoniada, desesperada e se rebatendo na cama.

Achou estranho que agora estivesse bem, sem nenhuma seqüela da crise do dia anterior. Voltou para o quarto, deitar na cama ajudaria ela a pensar melhor.

A jovem moça agora via a si mesma deitada na cama, pálida como seu lençol branco, a boca aberta e os olhos revirados. O relógio não mais tique taqueava.



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